Recebi pela internet uma matéria que pode ajudar os pais a meditarem um pouco sobre a educação dos filhos; por isso a transcrevo aqui. Depois da morte brutal da menina Isabela que marcou a memória dos brasileiros, com certeza a da menina Eloá não fica atrás...
UM ALERTA PARA OS PAIS!!!
Por: Karina Cabral
Criando um Monstro
Será que é índole? Talvez, a mídia? A influência da televisão? A situaçãosocial da violência? Traumas? Raiva contida? Deficiência social ou mental?Permissividade da sociedade? O que faz alguém achar que pode comprar armasde fogo, entrar na casa de uma família, fazer reféns, assustar e desalojarvizinhos, ocupar a polícia por mais de 100 horas e atirar em duas pessoasinocentes?
O rapaz deu a resposta: ‘ela não quis falar comigo‘. A garota disse Não, nãoquero mais falar com você. E o garoto, dizendo que ama, não aceitou um não.Seu desejo era mais importante.
Não quero ser comparado como um desses psicólogos de araque que infestam os programasvespertinos de televisão, que explicam tudo de maneira muito simplista efala descontextualizadamente sobre a vida dos outros sem serem chamados.Mas ontem, enquanto não conseguia dormir pensando nesse absurdo todo, penseique o não da menina Eloá foi o único. Faltaram muitos outros nãos nessahistória toda.
Faltou um pai e uma mãe dizerem que a filha de 12 anos NÃO podia namorar umrapaz de 19. Faltou uma outra mãe dizer que NÃO iria sucumbir ao medo e irlá tirar o filho do tal apartamento a puxões de orelha. Faltou outros paisdizerem que NÃO iriam atender ao pedido de um policial maluco de deixar afilha voltar para o cativeiro de onde, com sorte, já tinha escapado comvida. Faltou à polícia dizer NÃO ao próprio planejamento errôneo de mandar agarota de volta pra lá. Faltou o governo dizer NÃO ao sensacionalismo daimprensa em torno do caso, que permitiu que o tal sequestrador conversasse echorasse compulsivamente em todos os programas de TV que o procuraram.Simples assim. NÃO. Pelo jeito, a única que disse não nessa história foipunida com uma bala na cabeça.
O mundo está carente de nãos. Vejo que cada vez mais os pais e professoresmorrem de medo de dizer não às crianças. Mulheres ainda têm medo de dizernão aos maridos (e alguns maridos, temem dizer não às esposas). Pessoastêm medo de dizer não aos amigos. Noras que não conseguem dizer não àssogras, chefes que não dizem não aos subordinados, gente que não conseguedizer não aos próprios desejos. E assim são criados alguns monstros. Talvezalguns não cheguem a sequestrar pessoas. Mas têm pequenos surtos quandoescutam um não, seja do guarda de trânsito, do chefe, do professor, danamorada, do gerente do banco. Essas pessoas acabam crendo que abusar énormal. E é legal.
Os pais dizem, ‘não posso traumatizar meu filho‘. E não é raro eu ver algunstomando tapas de bebês com 1 ou 2 anos. Outros gastam o que não têm embrinquedos todos os dias e festas de aniversário faraônicas para suas crias.Sem falar nos adolescentes. Hoje em dia, é difícil ouvir alguém dizer não,você não pode bater no seu amiguinho. Não, você não vai assistir a umanovela feita para adultos. Não, você não vai fumar maconha enquanto forcontra a lei. Não, você não vai passar a madrugada na rua. Não, você não vaidirigir sem carteira de habilitação. Não, você não vai beber uma cervejinhaenquanto não fizer 18 anos. Não, essas pessoas não são companhias pra você.Não, hoje você não vai ganhar brinquedo ou comer salgadinho e chocolate.Não, aqui não é lugar para você ficar. Não, você não vai faltar na escolasem estar doente. Não, essa conversa não é pra você se meter. Não, com istovocê não vai brincar. Não, hoje você está de castigo e não vai brincar noparque.
Crianças e adolescentes que crescem sem ouvir bons, justos e firmes NÃOScrescem sem saber que o mundo não é só deles. E aí, no primeiro não que avida dá ( e a vida dá muitos ) surtam. Usam drogas. Compram armas. Transamsem camisinha. Batem em professores. Furam o pneu do carro do chefe. Chutammendigos e prostitutas na rua. E daí por diante.
Não estou defendendo a volta da educação rígida e sem diálogo, pelocontrário. Acredito piamente que crianças e adolescentes tratados com umamor real, sem culpa, tranquilo e livre, conseguem perfeitamente entenderuma sanção do pai ou da mãe, um tapa, um castigo, um não. Intuem que o amordos adultos pelas crianças não é só prazer - é também responsabilidade. Equem ouve uns nãos de vez em quando também aprende a dizê-los quando épreciso. Acaba aprendendo que é importante dizer não a algumas pessoas quetentam abusar de nós de diversas maneiras, com respeito e firmeza, mesmo quesejam pessoas que nos amem. O não protege, ensina e prepara.
Por mais que seja difícil, eu tento dizer não aos seres humanos que cruzam omeu caminho quando acredito que é hora - e tento respeitar também os nãosque recebo. Nem sempre consigo, mas tento. Acredito que é aí que está averdadeira prova de amor. E é também aí que está a solução para a violênciacada vez mais desmedida e absurda dos nossos dias.
Karina Cabral - http://www.mafaldacrescida.com.br./
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